Venha escutar o que os nerds tem a dizer!

Conheça as críticas e influências presentes em O Legado de Júpiter

A trama dos quadrinhos de O Legado de Júpiter se inicia em 1932 e foca em Sheldon Sampson, um homem atribulado após ter perdido quase tudo na famosa Crise de 1929, período conhecido como A Grande Depressão. Depois de ter visões de uma ilha em Cabo Verde, África, Sheldon arrisca tudo e lidera uma expedição até lá, na esperança de uma boa notícia. Junto a ele vão seu irmão, sua noiva e alguns amigos da faculdade.

Na ilha, estranhos eventos fazem os tripulantes adquirirem poderes, e todos retornam aos Estados Unidos determinados a proteger e salvar seu país como super-heróis. É formada então a super-equipe União, liderada por Sheldon, que se nomeia como Utópico, o Maior Herói da Terra.

Após décadas de combate ao crime, todos estabelecem uma vida pacífica. É nesse ponto que a história alterna para 2013, onde são mostrados os reflexos da Grande Recessão (período de declínio econômico global, que durou de 2007 a 2009). Agora, Sheldon tem conflitos com seu irmão e, ao mesmo tempo, lida com seus filhos, que herdam super-poderes e colhem os frutos do trabalho dos pais, agindo como celebridades.

Tentando corresponder às expectativas da população e da própria família, a nova geração de heróis vive em uma linha tênue entre festas, badalações e o dever de assumir as rédeas da segurança do mundo.

Esse conflito de gerações super-heróico proposto por Mark Millar, autor da obra original, foi criado propositalmente para retratar, inicialmente, o arquétipo clássico dos super-heróis, que possuem uma origem mais fantástica, tem um código moral e altruísmo mais claros e evidentes, movidos pelo simples desejo de ajudar o próximo.

Como oposição, os filhos dos heróis de O Legado de Júpiter lidam com conflitos mais complexos e contemporâneos, provenientes da crise nos sistemas econômicos e do quanto um “super” deve ou não interferir no curso da humanidade e sociedade. A ideia de Millar era justamente mostrar o contraste de uma geração que acredita no ideal máximo do capitalismo e seus descendentes que notam falhas neste sistema político-econômico.

Toda a parte da história que é ambientada nos anos 30 conta com claras referências e homenagens à Era de Ouro das histórias em quadrinhos, período onde o Superman surgiu e serviu de impulso para uma onda de super-heróis nas revistas e gibis da época.

No entanto, nem só nas HQs estão as influências de Millar para a obra: momentos importantes da história contam com referências a clássicos como Hamlet, de William Shakespeare, além do local onde os heróis adquirem poderes ser diretamente inspirado na Ilha da Caveira dos filmes do gorila King Kong.

Seguindo a onda das adaptações de quadrinhos com teor mais adulto, como The Boys (Prime Video), The Umbrella Academy (Netflix), Watchmen (HBO) e Invencível (Prime Video), a Netflix encomendou uma temporada de 8 episódios para O Legado de Júpiter.

Criada e produzida por Steven S. DeKnight, que criou Spartacus (20102013) e produziu o primeiro ano de Demolidor (2015), a série conta com Sang Kyu Kim (Altered Carbon) como showrunner e Josh Duhamel (Um Porto Seguro), Leslie Bibb (Homem de Ferro), Ben Daniels (Rogue One: Uma História Star Wars) e Elena Kampouris (Casamento Grego 2) no elenco principal.

A primeira temporada de O Legado de Júpiter já está disponível na Netflix, com episódios que variam de 35 a 56 minutos de duração.